EDUCAÇÃO EMOCIONAL
NAS ESCOLAS
A
educação hoje fornecida pelas escolas é baseada na formação intelectual dos
jovens e por melhor que esta seja, ou venha a ser no futuro, é falha na
construção de valores e princípios que vão formar o caráter moral do indivíduo
e direcionar seus relacionamentos sociais na vida adulta, pois não aborda a
questão da educação emocional, dos sentimentos e emoções que fazem parte da
totalidade do ser.
Todavia,
muitos irão argumentar que a educação emocional não é de responsabilidade da
escola, mas sim da família. Entretanto, temos de convir que, a figura da
família sofreu grandes modificações em sua estrutura com o passar do tempo.
Hoje há vários tipos de família. No
mais, a maioria dos pais e responsáveis pela educação da criança e do jovem,
atualmente trabalham fora e pouco tempo possuem para ficar com seus filhos e,
consequentemente, cada vez mais aumentam os números de estudantes em tempo
integral nas escolas.
Portanto,
a educação não é de responsabilidade somente da família, ou tão somente da
escola, mas da sociedade como um todo. E se observamos a realidade que nos
cerca veremos que estamos falhando e, muito, na educação de nossos jovens. Se a
sociedade desempenhasse com louvor e completude essa função educadora, não teríamos
tantos casos de homicídios, crimes passionais, desrespeito à vida e ao meio
ambiente, preconceitos, corrupção, tráfico de drogas, e tantos outros que fazem
parte constante do noticiário.
Notório
e sabido por todos que, quando vamos construir um imóvel iniciamos a obra
sempre pela sua base, reforçando a sua fundação, para que ela seja sólida e
venha a aguentar todo o peso da construção. E qual é a base do ser humano? Nada
mais do que a educação que lhe foi dada quando ainda jovem. Porém, a sua base
nunca será forte o suficiente para suportar o peso e os desafios da vida,
enquanto estiver baseada somente na educação intelectual.
Não conseguiremos transmitir todos os valores
necessários aos jovens, enquanto continuarmos ensinando-lhe tão somente:
português, matemática, geografia, biologia, inglês, educação física e demais
matérias curriculares e deixarmos de lado a educação emocional, que trabalha as
emoções e os sentimentos presentes em todo ser humano, tanto em seus aspectos
positivos e negativos e suas consequências na vida de cada um.
Somente
seremos capazes de construir indivíduos mentalmente fortes e socialmente
saudáveis quando integralizarmos a educação intelectual com a educação
emocional. Duas faces que se completam.
Uma
pessoa com a mente forte e equilibrada reflete um ser saudável no seu aspecto
emocional e social, tornando-se altamente comprometido e produtivo tanto para
si quanto para seus semelhantes.
Segundo
a Organização Mundial de Saúde (OMS), saúde é um estado completo de bem estar físico, mental e social e não
somente a ausência de afecções e enfermidades. Ninguém irá discordar que
progredimos muito quanto ao completo bem estar físico. Hoje é preocupação da
sociedade como um todo praticar esportes, alimentar-se de forma saudável e
equilibrada. As academias vivem lotadas, os consultórios dos endocrinologistas
e nutricionistas também. Alimentos naturais e orgânicos estão na moda, assim
como programas que falam sobre o bem estar físico do indivíduo. Nas escolas
temos na grade curricular a educação física.
Mas
e quanto ao bem estar mental e social? Será que isso faz parte da nossa
sociedade. Absolutamente não. Nunca na história humana tivemos tantas pessoas
depressivas, usuárias de drogas ilícitas, alcoólatras, pessoas que não sabem
lidar com suas emoções e sentimentos, que tem dificuldades em se relacionarem
socialmente, que não conseguem conviver com suas frustrações e com os
obstáculos da vida.
A
história recente é rica em nos dar exemplos de pessoas altamente inteligentes,
com QI(s) elevadíssimos e bem sucedidos profissionalmente que, numa simples
briga de trânsito puxam o gatilho de uma arma e tiram a vida de outro
semelhante; ou por crises de ciúme ou brigas domésticas matam o cônjuge e até
mesmo os filhos; bem como de jovens capazes intelectualmente que agridem
professores em sala de aula. E porque isso ocorre? Simplesmente pelo fato destas pessoas serem possuidoras de sentimentos
e emoções desequilibradas, pois nunca ninguém lhes ensinou a educá-las.
Desta forma, se
não possuirmos um completo bem estar mental e social, a única conclusão
a que podemos chegar é a de que somos doentes e vivemos em uma sociedade
doente. E
não se cura uma doença combatendo os seus efeitos, mas sim a sua causa e,
somente a educação emocional é capaz de formar um cidadão mentalmente e
socialmente são.
Se
um dia pretendemos acabar com as drogas não é prendendo e punindo traficantes,
mas sim educando as crianças e adolescentes quanto aos efeitos devastadores
daquelas no organismo humano e as consequências prejudiciais e infelizes que
causam à família e a sociedade como um todo.
Se
quisermos acabar com os crimes de trânsito causados pelo álcool, não será com
bafômetros, multas, apreensão da carteira de motorista e ou veículo, mas sim
ensinando as crianças e adolescentes quanto aos efeitos do álcool no organismo
e os prejuízos que acarretam no seio familiar, profissional e social.
Se
almejarmos extinguir a violência da sociedade não será através da construção de
presídios e punição dos criminosos, mas sim por meio do ensino aos jovens, nas
escolas, sobre a importância do amor, do respeito ao próximo, da solidariedade,
do combate ao preconceito, do expor e não impor ideias.
Neste
diapasão, torna-se totalmente incongruente punir e corrigir o homem formado sem
nunca o ter educado adequadamente. Não se construiu uma base firme e, a toda
hora estamos consertando a fundação pelo telhado, mas esse telhado é frágil, de
vidro, e está sempre caindo em nossas cabeças.
Já
passou da hora de começarmos a discutir nas escolas a importância dos
sentimentos e emoções positivas e os reflexos gerados em nossa vida; vamos
abordar o amor, falar da humildade, discorrer sobre a solidariedade, vamos
enaltecer a honestidade, a verdade, buscar caminhos para a tolerância, a ética
e o respeito às diferenças, dissertar sobre a felicidade e a alegria. De que
forma? Através de textos, atividades, por meio da história de personagens reais
que fizeram parte da nossa história de forma positiva. Temos tantos: Jesus;
Gandhi, Nelson Mandela, Martin Luther King, Ayrton Senna, Bethoven, etc.
Mas
também vamos abordar, reconhecendo e combatendo, as emoções e os sentimentos
negativos que, também existem dentro de nós, que geram conflitos em nossas vidas
e são causados pelo: ódio, rancores e mágoas, inveja, mentira, egoísmo,
orgulho, entre tantos outros que nos aprisionam e nos cegam.
Proclamemos
a era da valorização da vida, estimulando a exposição e a discussão das emoções
e dos sentimentos internos do ser humano. Vamos ensinar os jovens a enfrentar
as dificuldades, obstáculos e frustrações da vida para que eles aceitem os
desafios e encarem a realidade, ao invés de fugirem, mergulhando nos vícios de
toda sorte ou na violência, para resolverem seus problemas.
A
melhor medicina não é a paliativa, mas sim a preventiva. A melhor educação não
á a punitiva, mas a de formação. Vamos plantar essas sementes nas escolas para
germinar no futuro os frutos dos homens de caráter, mentalmente e socialmente
são. E aqueles, que mesmo assim, se desvirtuarem do caminho do bem, não poderão
culpar a sociedade, pois terão aprendido a exercitar o livre arbítrio e serão
responsáveis pelas suas escolhas, vez que foram apresentados aos sentimentos e
as emoções que fazem parte integrante do seu ser e os reflexos que cada um
deles traz em sua vida.
Com
a educação somente intelectual, da forma que ela se apresenta hoje nas escolas,
os jovens se utilizam somente da mente racional e não se dão conta que o mundo
somente pode ser percebido na sua totalidade, quando passamos também a enxergá-lo
com os olhos da emoção e do sentimento, ou seja, os olhos do coração. Somente
quando a educação emocional fizer parte da grade curricular dos nossos jovens é
que conseguiremos alcançar um equilíbrio perfeito entre razão e emoção.
Daniel
Coleman, em sua obra: “Inteligência Emocional”, aponta com propriedade ao
afirmar: “Neste momento, deixamos a
educação emocional de nossos filhos ao acaso, com consequências cada vez mais
desastrosas. Uma das soluções é uma nova visão do que as escolas podem fazer
para educar o aluno todo, juntando mente e coração na sala de aula”.
Antoine
de Saint-Exupéry, escritor francês, Autor da obra, “O Pequeno Príncipe”, resume
bem esse pensamento ao afirmar:
“Eis o meu segredo: só se vê bem com o
coração. O essencial é invisível aos
olhos. Os homens esqueceram essa verdade, mas tu não a deves esquecer.
Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas."
Antevejo
o dia em que todo o sistema educacional estará estruturado para levar
inteligência às nossas emoções, civilidade às nossas ruas e envolvimento à
nossa vida comunitária, pois estará amparado em rotinas e práticas de
atividades que visam a instalação de aptidões humanas, essenciais ao despertar
da consciência, do autocontrole, da empatia e das artes de ouvir, resolver
conflitos e cooperar.
E
assim, em um dia qualquer, sem que nos apercebamos, estaremos abrindo um
jornal, ligando uma TV, ou acessando a Internet e nossas casas estarão sendo
invadidas por notícias positivas, que retratam o “Homem Equilibrado” em um
mundo de Paz e de Solidariedade e não estaremos mais preocupados com os
Direitos Humanos, pois teremos formados HUMANOS DIREITOS.
GRADE CURRICULAR –
MATÉRIAS QUE PODERIAM SER ABORDADAS ATRAVÉS DA EDUCAÇÃO EMOCIONAL.
1-
Aprendendo,
através de textos e atividades em grupo, sobre sentimentos e atos positivos com
definições e exemplos reais, com personagens reais:
· Amor
· Ética
· Solidariedade
· Humildade
· Honestidade
· Trabalho
· Pacificidade
· Alegria
· Perdão
· Paciência
· Disciplina
· Perseverança
2-
Reconhecendo
e combatendo sentimentos e atos negativos, com definições e exemplos reais, de
personagens reais.
· Ódio
· Rancor e Mágoa
· Intolerância e
Preconceitos
· Inveja
· Mentira
· Orgulho
· Egoísmo
· Impaciência
· Indisciplina
· Preguiça
OUTROS EXEMPLOS DE
MATÉRIAS A SEREM ABORDADAS
- A importância do
sonhar e a busca no trabalho, com perseverança e disciplina, a realização de
metas e objetivos.
- Como lidar com as
dificuldades e obstáculos da vida e os fracassos temporários. Podemos abordar a
serenidade, a aceitação da realidade, incentivando a descoberta da força
interior para vencê-los. Trazer o exemplo dos atletas paraolímpicos e de
pessoas que, mesmo sofrendo com alguma limitação ou deficiência são exemplos de
superação.
- Como lidar com a
tristeza, com a saudade e a perda de entes queridos.
- A importância dos
Líderes Positivos. A história de líderes pacíficos que transformaram o mundo
tais como: Jesus, Mandela, Gandhi, Madre Teresa, Marthin Luther King, entre
outros:
- Os Líderes
Negativos e os prejuízos ocasionados ao mundo, decorrentes de suas ações,
baseadas no ódio, na intolerância e no orgulho: Adolph Hitler, Mussolini, Osama
Bin Laden, etc.
- Os tipos de drogas
ilícitas e seus efeitos no organismo, bem como as consequências na família e na
sociedade.
- As drogas
legalizadas, os efeitos do álcool e do cigarro no organismo, bem como no seio
familiar, profissional e social.
- A corrupção como
câncer social e a formação de jovens interessados em mudar a realidade política
do país.
- O preconceito e
seus males. A intolerância ou o respeito às diferenças?
- A valorização da
vida e o combate à violência, através do amor e do respeito ao próximo.
- Valorização da
beleza interior, com o respeito às características físicas de cada um.
- Trabalho em
equipe. Ninguém faz nada sozinho. Como saber expor ideias, ao invés de tentar
impô-las.
- Trabalhos Sociais
e Solidariedade. Campanhas de arrecadação de alimentos, de agasalhos,
brinquedos, preservação do meio ambiente.
Estes
são pequenos exemplos de infinitas matérias que poderiam ser abordadas.
O importante é
darmos o primeiro passo.
Texto de Autoria
de Claudinei Almeida Milsone
Nenhum comentário:
Postar um comentário