O
GOVERNO COMO REFLEXO DA SOCIEDADE
“Os que estão em cima
raramente empreendem coisas diferentes. Não lhes interessa mudar. O poder e a
riqueza são benevolentes para com aqueles que o possuem. E os que se acham
muito por baixo, esmagados ao peso da situação, gastam suas poucas energias na
simples luta por um pouco de pão”
(Rubem Alves)
Nos
tempos remotos da Idade Média, a sociedade, de uma forma generalizada, era
dividida em três classes: nobreza, clero e o povo.
A
condição de nobre herdava-se com o nascimento. Já o clero era subdividido em
alto clero (bispos, abades e outros dignitários) cujo poder tinha origem
divina, e o baixo clero, constituído de pessoas que se destacavam pela sua
riqueza, poder e consideração social. A última classe, maioria absoluta,
constituía-se do povo e estes não possuíam poder ou privilégio algum e viviam
unicamente à custa de seu trabalho.
A
Nobreza gozava de privilégios, como isenção de impostos e leis próprias. Dentro
da nobreza existiam diferentes categorias. Havia os que exerciam funções
miliares, enquanto outros ocupavam cargos na política ou na administração. Os
nobres eram grandes proprietários de terras, alguns obtinham lucros da sua
participação no comércio e acumulavam riquezas. Em resumo, formavam a classe
dos mais abastados e prestigiados da sociedade.
O
Clero constituído de pessoas cultas, alfabetizadas também possuíam grandes
propriedades de terras e na sociedade se ocupavam do culto religioso, do
ensino, assistência e, assim como os nobres, gozavam de privilégios.
Já
o povo, bem o povo, sustentava com o seu trabalho toda a sociedade. Constituíam
a grande maioria da população e estavam sujeitos a deveres, obrigações,
pagamento de impostos e não gozavam de privilégios e nem detinham poder algum.
Enquanto
as duas primeiras classes se definiam em termos das marcas que possuíam por
nascimento, poder divino ou prestígio social, os últimos afirmavam: “Por
nascimento nada somos. Nós nos fizemos. Somos o que produzimos”.
Todavia,
com a expansão do comércio, essa última classe começou a se interessar por
produzir em maior escala, aprendeu a racionalizar o trabalho, empreendeu
viagens para descobrir novos mercados, passou a comercializar, obtendo com isso
lucros e riquezas.
E
foi assim que essa última classe passou a contestar o poder inútil dos que ocupavam os lugares privilegiados da sociedade
medieval, comparando com o poder de
utilidade prática daqueles que, mesmo sem possuírem quaisquer privilégios,
eram capazes de alterar a sociedade por meio de seu trabalho. Surgia, então, a
burguesia.
Com
o avançar do tempo e o fortalecimento da burguesia estes passam a aspirar ao
poder, visando à modificação da estrutura social. E através da revolução
comercial o utilitarismo do trabalho se
impôs sobre a inutilidade dos privilégios e benefícios.
Desde
então, a burguesia passou a governar, na maioria dos países, as atividades das
pessoas, o que nos levou séculos depois a um mundo globalizado e capitalista.
Esse
sistema nos trouxe grandes avanços tecnológicos, conforto, conquistas
materiais, mas neste ponto eu arrisco uma pergunta: A sociedade, em sua essência, se modificou? Leia novamente a
citação inicial de Rubem Alves e tente responder.
A
resposta foi não. Correto?
Para
refletir um pouco mais tomemos como exemplo o nosso país: o Brasil. Os nobres
de ontem nada mais são do que nossos políticos de hoje e que gozam de
imensuráveis privilégios. Para ficar
mais claro vamos citar e descrever o cargo de Presidente da Câmara dos
Deputados, órgão em tese de representação do povo.
Segundo
artigo do site de notícias UOL, publicado em 27 de janeiro de 2015, (http://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2015/01/27/casa-carro-e-47-funcionarios-conheca-as-mordomias-do-presidente-da-camara.htmo),
o Presidente da Câmara recebe de salário a quantia mensal de R$ 33.700,00
(trinta e três mil e setecentos reais). Além do salário, o presidente da Câmara tem direito a nomear 47
funcionários para auxiliá-lo no cargo. Juntos, os salários desses 47
funcionários custam R$ 4,2 milhões anualmente (doze salários, mais os valores
referentes ao 13º salário). Além desses 47, é importante lembrar que todos os deputados
(independente do cargo na mesa diretora) já têm direito a 25 funcionários e a
uma verba de gabinete no valor de R$ 78 mil por mês. Na prática, o presidente
da Câmara tem direito a 72 funcionários, que custam aos cofres públicos R$ 5,2
milhões por ano.
Fora essa estrutura, o Presidente da Câmara ainda tem a seu
dispor, para moradia, uma casa de 800 metros quadrados de área construída na
região conhecida como Lago Sul, uma das mais nobres de Brasília. A casa tem
quatro quartos, escritório, sala de jantar e piscina.
Tem direito a carro oficial com dois motoristas (em esquema
de revezamento) à disposição. Tem direito de viajar em aviões da FAB
(Força Aérea Brasileira), sendo que os aviões só poderão ser utilizados se as
viagens atenderem os seguintes requisitos: motivo de segurança e emergência
médica, viagens a serviço e deslocamento para o local de residência permanente
do presidente. Caso o presidente opte por viajar em avião de carreira, a
despesa será paga pela Câmara.
Achou muito? Se contarmos que hoje o Brasil possui eleitos
513 Deputados Federais, 81 Senadores, 39 Ministérios, cada um possuindo vários
funcionários atrelados e contando ainda que eles têm direito ao salário, 13º
salário, 14º salário e, pasmem, 15º salário, além das famosas e variadas ajudas
de custos, tais como moradia, viagens, alimentação, cartão funcional e etc,
etc, etc, etc, etc, etc, etc, etc e etc, você irá concluir que os privilégios e
benefícios vão muito além aos da nobreza da época medieval.
Para se ter uma ideia mais ampla em 2003 o Governo Federal
possuía um gasto com pagamento de pessoal na ordem de R$ 79 bilhões. Em 2013
alcançou a impressionante marca de R$ 222 bilhões. Atualizando esses dados para
2015, ao todo já são mais de 600 mil servidores, fora os mais de 100 mil
nomeados em cargos de confiança. Segundo
edição de nº 2365, de 27/03/2015, da Revista Isto É, para manter essa estrutura
hoje já são gastos mais de R$ 400 bilhões anuais.
Falamos da Nobreza, mas quem seria o Clero de hoje?
Nada mais do que as pessoas detentoras de grandes capitais e
bens, proprietárias de Empresas e Construtoras e que são intimamente ligadas ao
Poder Público, e que financiam campanhas políticas em troca de favores,
benefícios e privilégios, que fraudam licitações, que ganham contratos mediante
o pagamento de propinas, com desvios de verbas ou superfaturamento e etc, etc,
etc, etc, etc, etc, etc e etc, além de outras falcatruas e jogos de poder que
sua mente conseguir imaginar.
Direta e indiretamente eles determinam o andamento da
economia, no intuito de resguardar seus interesses escusos. Juntos a nobreza e
o clero atuais conseguiram protagonizar o maior escândalo de corrupção já
conhecido neste país, onde desviaram mais de R$ 35 bilhões da Petrobrás, fato
que ficou amplamente conhecido pela sociedade como Operação Lava Jato,
conseguindo, inclusive, que a nota do País no Mercado Internacional fosse
rebaixada, como sinal de alerta aos investidores.
E o povo, bem o povo, como na Idade Medieval, continua
sustentando toda a sociedade com o seu trabalho. Neste ponto, meu caro leitor,
você deve ter se identificado com esta última classe e está se sentindo vítima
da situação, correto?
Errado, meu caro leitor. Você é o responsável pela situação.
E antes de ficar indignado com esta afirmação e interromper a leitura do texto,
peço a gentileza que você acompanhe até o final, para depois tirar suas
próprias conclusões.
Vejamos. Há quarenta anos atrás os vilões eram os Militares,
que também podiam ser chamados de Nobres à época, pois eram detentores do Poder
e determinavam o caminho a ser seguido. As pessoas que hoje estão no Poder,
naquele tempo, constituía o povo oprimido, perseguidos políticos, muitos
torturados e mortos pela ditadura. Com o passar do tempo, surgiram os
movimentos sindicais, protestos pelo retorno da Democracia, tais como os da
Diretas Já, sendo que muitos destes opositores fundaram o Partido dos
Trabalhadores e hoje encontram-se governando o País.
Pois bem, essas pessoas que hoje estão no poder recentemente moveram
sete (7) processos contra uma revista amplamente conhecida e conceituada na
mídia por causa de algumas reportagens sob alegação de calúnia e difamação.
Esse mesmo partido pensa em processar o Ministro do STF
Gilmar Mendes por ter, durante o seu voto a favor da proibição ao financiamento
privado de campanha, ter discursado contra o partido. Fonte: http://politica.estadao.com.br/noticias/geral,pt-avalia-processar-gilmar-mendes,1764285
Ora, não eram essas mesmas pessoas que eram contra a censura
e a falta de liberdade de expressão e opinião?
Esse mesmo governo pretende aumentar impostos, recriar a
CPMF, até por decreto se for preciso. Fonte: http://politica.estadao.com.br/noticias/geral,governo-cogita-subir-imposto-por-decreto, 1758011.
Tudo isso contra a vontade popular e para cobrir o rombo no orçamento que eles
mesmos criaram. Agora eu pergunto: Não eram essas mesmas pessoas que atestavam
que governar por decreto era ditatorial e culpavam os militares pela dívida
externa e pela inflação?
E antes que você pense que este texto é da direita, que o
escritor é antipetista, capitalista ou a favor dos militares ou que acredita
nesta separação sem sentido entre ricos e pobres, esquerda e direita, comunismo
e capitalismo, elite branca e negros marginalizados, norte e nordeste x resto
do país, PT versus PSDB, ou está defendendo qualquer outro partido, candidato
ou classe, afirmo que você está equivocado. Eu sou a favor do ser humano e da
sociedade.
E neste momento do texto eu pergunto mais uma vez. Da época
Medieval até agora, a Sociedade, em sua essência, se modificou?
A
resposta ainda é não, pois o ser humano, em sua essência, não se modificou.
O macro apenas reflete o micro. O governo é espelho do seu povo. Nós ainda
vivemos em uma ditadura, uma ditadura mascarada de democracia, que é a Ditadura
do Poder.
A música “Que País é Este?” foi escrita pelo falecido Renato
Russo em 1978, na época da Ditadura Militar, e lançada pela Banda Legião Urbana
em 1987, quando o Brasil já não estava mais sob o regime militar. Em um trecho
a canção contém os seguintes dizeres: “Nas favelas, no Senado, sujeira pra todo
lado. Ninguém respeita a Constituição, mas todos acreditam no futuro da
Nação...”
A canção e sua letra são atemporais, ela foi escrita em 1978
e trinta e sete anos depois estamos abordando os mesmos assuntos, sujeira pra
todo lado, corrupção, desrespeito a Constituição. Está certo que acrescentamos
algumas coisas ruins, tais como a nova onda de arrastões nas praias cariocas. Em
plena cidade maravilhosa que recebe a todos com a imagem do Cristo Redentor de
braços abertos... Em que ponto chegamos? Isso que é sujeira pra todo lado...
E você caro leitor, assim como eu, assim como toda a
sociedade, somos responsáveis, pois fazemos em nosso mundo micro do dia a dia e
dos negócios, tudo que os governantes fazem no mundo macro da política. Vou
exemplificar partindo de uma experiência própria.
Há alguns anos atrás trabalhei em um grande banco privado
deste país, na área de financiamento de veículos. Atuava como operador de
negócios e atendia em média de 15 a 20 revendas de automóveis. O meu gerente
tinha uma verba X para oferecer as revendas a título de acordo comercial. Nós,
como operadores, selecionávamos as revendas com maior potencial de vendas e
fazíamos a seguinte proposta aos revendedores: Se você me passar X valor de
financiamento no mês eu te devolvo Y em dinheiro a título de acordo comercial.
Muitos irão responder: E o que isso tem a ver? Isso é normal.
Faz parte do mundo dos negócios. Saiba você que essa explicação tem um nome e
Freud denominou de Racionalização,
que é o processo de achar motivos lógicos e racionais aceitáveis para
pensamentos e ações inaceitáveis, ou seja, para justificar seus próprios atos.
Explica-se: Quando um banco financia um veículo é porque uma
concessionária ou revenda está efetuando uma venda e isso ocorre pelo fato de
ter um consumidor realizando uma compra e, como ninguém dá nada de graça para
alguém, muito menos Bancos, quem está pagando esse acordo comercial, esse
comissionamento pago ao lojista, é você consumidor, é você como povo, pois o
valor referido estará diluído nas suas suaves prestações embutidas de juros
altíssimos, ou seja, o Banco vai receber de você e, em dobro, o que pagou à
Revenda a título de comissão.
E você ainda corre o risco de pagar a taxa mais cara do
mercado, porque o lojista não vai te oferecer a taxa mais barata se, com aquele
banco ele não tiver acordo comercial, mas não vai pensar duas vezes em te
empurrar a taxa mais alta se, deste banco receber o comissionamento.
E qual a diferença para uma Empresa ou Construtora que paga
um valor para um Governo ou Partido Político para ganhar um contrato? No final,
não é você que estará pagando a conta? A única diferença é que uma situação
ocorreu no mundo micro dos negócios empresariais e a outra no mundo macro do
poder político.
Caso você ainda não tenha se convencido de que é o
responsável pela situação do país, ou alegue que não se encaixa na figura de
responsável por não ter vivenciado nenhuma das situações até aqui descritas,
então, eu peço licença para citar na íntegra um texto do Ilustre Escritor, já
falecido, José Ubaldo Ribeiro, sobre o tema corrupção e com o título: Nós o
Povo Brasileiro.
“A
crença anterior era que Collor não servia, bem como Itamar e Fernando Henrique.
Agora dizemos que Lula não serve. E o que vier depois de Lula também não servirá
para nada.
Por isso
estou começando a suspeitar que o problema não está no ladrão corrupto que foi
Collor ou na farsa que é o Lula. O problema está em nós. Nós como povo.
Nós como
matéria prima de um país. Porque pertenço a um país onde a “ESPERTEZA” é a moeda que sempre é valorizada, tanto ou mais que o
dólar. Um país onde ficar rico da noite para o dia é uma virtude mais apreciada
do que formar uma família, baseada em valores e respeito aos demais.
Pertenço
a um país onde, lamentavelmente, os jornais jamais poderão ser vendidos como em
outros países, isto é, pondo umas caixas nas calçadas onde se paga por um só
jornal, deixando os demais onde estão.
Pertenço
a um país onde as Empresas Privadas são papelarias particulares de seus
empregados, desonestos, que levam para casa, como se fosse correto, folhas de
papel, lápis, canetas, clipes e tudo o que possa ser útil para o trabalho dos
filhos... e para eles mesmo.
Pertenço
a um país onde a gente se sente o máximo porque conseguiu “puxar” a tevê a cabo
do vizinho, onde a gente frauda a declaração de imposto de renda para não pagar
ou pagar menos impostos.
Pertenço
a um país onde a impontualidade é um hábito. Onde os diretores das empresas não
valorizam o capital humano. Onde há pouco interesse pela ecologia, onde as
pessoas atiram lixo nas ruas e depois reclamam do governo por não limpar os
esgotos. Onde pessoas fazem “gatos” para roubar luz e água e nos queixamos de
como esses serviços estão caros.
Onde não
existe a cultura pela leitura (exemplo maior nosso Presidente, que recentemente
falou que é muito chato ter que ler) e não há consciência nem memória política,
histórica e nem econômica.
Onde
nossos congressistas trabalham dois dias por semana para aprovar projetos e
leis que só servem para afundar ao que não tem, encher o saco ao que tem pouco
e beneficiar só a alguns.
Pertenço
a um país onde as carteiras de motorista e os certificados médicos podem ser
“comprados” sem fazer nenhum exame. Um país onde uma pessoa de idade avançada
ou uma mulher com uma criança nos braços, ou um inválido, fica em pé, enquanto
a pessoa que está sentada finge que dorme para não dar o lugar.
Um país
no qual a prioridade de passagem é para o carro e não para o pedestre. Um país
onde fazem um monte de coisa errada, mas nos esbaldamos em criticar nossos
governantes.
Quanto
mais analiso os defeitos do Fernando Henrique e do Lula (hoje a Dilma), melhor
me sinto como pessoa, apesar de que, ainda ontem, “molhei” a mão de um guarda
de trânsito para não ser multado.
Quanto
mais digo que o Dirceu é culpado, melhor sou eu como brasileiro, apesar de que,
ainda hoje de manhã, passei para trás um
cliente através de uma fraude, o que me ajudou a pagar algumas dívidas.
Não. Não. Não. Já
basta.
Como “MATÉRIA PRIMA” de um País, temos
muitas coisas boas, mas nos falta muito para sermos os homens e mulheres que
nosso país precisa.
Esses
efeitos, essa “ESPERTEZA BRASILEIRA”
congênita, essa desonestidade em pequena escala, que depois cresce e evolui,
até converter-se em casos de escândalo, essa falta de qualidade humana, mais do
que Collor, Itamar, Fernando Henrique ou Lula (e hoje Dilma), é que é
real e honestamente ruim, porque todos eles são brasileiros como nós, ELEITOS POR NÓS.
Nascidos
aqui, não em outra parte... Me entristeço. Porque ainda que Lula (agora Dilma)
renunciasse hoje mesmo, o próximo presidente que o suceder terá que continuar
trabalhando com a mesma matéria prima defeituosa que, como povo, somos nós
mesmos.
E não
poderá fazer nada... Não tendo nenhuma garantia de que alguém o possa fazer
melhor, mas ENQUANTO ALGUÉM NÃO
SINALIZAR UM CAMINHO DESTINADO A ERRADICAR PRIMEIRO OS VÍCIOS QUE TEMOS COMO
POVO, NINGUÉM SERVIRÁ.
Nem serviu
Collor, nem serviu Itamar, não serviu Fernando Henrique, e nem serve Lula, nem
servirá o que vier. Qual é a alternativa? Precisamos de mais um ditador, para
que nos faça cumprir a lei com a força e por meio do terror? Aqui faz falta
outra coisa.
E
enquanto essa “outra coisa” não comece a surgir de baixo para cima, ou de cima
para baixo ou do centro para os lados, ou como queiram, seguiremos igualmente
condenados, igualmente estancados... igualmente sacaneados!!!
É muito
gostoso ser brasileiro. Mas quando essa brasilinidade autóctone começa a ser um
empecilho às nossas possibilidades de desenvolvimento como Nação, aí a coisa
muda... Não esperemos acender uma vela a todos os Santos, a ver se nos mandam
um Messias.
Nós
temos que mudar. Um novo governador com os mesmos brasileiros não poderá fazer
nada. Está muito claro... SOMOS NÓS OS
QUE TEMOS QUE MUDAR.
Sim,
creio que isto se encaixa muito bem em tudo o que nos anda acontecendo;
desculpamos a mediocridade mediante programas de televisão nefastos e
francamente tolerantes com o fracasso.
É a
indústria da desculpa e da estupidez. Agora, depois desta mensagem, francamente
decidi procurar o responsável, não para castigá-lo, senão para exigir-lhe (sim
exigir-lhe) que melhore seu comportamento e que não se faça de surdo, de
desentendido.
Sim,
decidi procurar o responsável e estou seguro que o encontrarei. QUANDO ME OLHAR NO ESPELHO. AÍ ESTÁ. NÃO
PRECISO PROCURÁ-LO EM OUTRO LADO.
E você o que pensa?” (José
Ubaldo Ribeiro).
Assim, depois de refletirmos sobre esse maravilhoso texto do
José Ubaldo Ribeiro, quando formos culpar a ditadura, os militares, a direita,
o capitalismo, ou a democracia, a esquerda, o comunismo, o partido ou o
político A, B, C ou D, ou qualquer outro fator de sua preferência, lembre-se
que HÁ UM PAÍS CHAMADO BRASIL CLAMANDO,
IMPLORANDO: “QUE TAL CAMINHARMOS PARA FRENTE?”
Estejamos cientes de que somente culpamos os outros pelo que
temos dentro de nós mesmos, mas não queremos aceitar e ou reconhecer em nosso
interior. A isso Freud também deu um nome, chama-se Projeção, que nada mais é do que projetar meus defeitos nos outros.
Por isso que nosso governo não passa de
uma imagem projetada da própria sociedade, do famoso “JEITINHO BRASILEIRO”, de
querer ganhar vantagem em tudo, mesmo que em detrimento e prejuízo do outro.
Esse “Jeitinho
Brasileiro”, ao qual Carl Gustav Jung definiria como Arquétipo Coletivo, é um vírus, uma doença grave, um Câncer Social, cujo verdadeiro nome é EGOÍSMO, onde cada um pensa em si, sem
se preocupar com seu próximo.
Quando curarmos nosso egoísmo, ninguém no mundo estará mais
discutindo sobre ditadura, democracia, direita, esquerda, capitalismo,
socialismo, pois neste momento, haverá no mundo somente um movimento, o do SOLIDARIALISMO.
E a cura desse Câncer Social, o EGOÍSMO, passa por mim, passa por você, ou como disse José Ubaldo
Ribeiro ou Michael Jackson, na música “Man in the Mirror” passa pelo homem ou
mulher que está a sua frente no ESPELHO.
E quando chegarmos a esse dia, deixaremos de andar em
círculos, pois o governo irá refletir uma nova imagem... a imagem de uma
sociedade, MATÉRIA PRIMA DE UM PAÍS,
MODIFICADA.
Neste dia, o verdadeiro Amor estará presente, substituindo o
egoísmo latente no coração humano e, aqueles que estiverem no poder, seja a
época que for, defenderão os interesses coletivos, ao invés de seus próprios
interesses. As grandes empresas e pessoas detentoras de capitais e bens
passarão a produzir não somente para acumular riquezas, mas também o suficiente
para erradicar a miséria e varrer a pobreza e a fome do mundo, bem como
passarão a investir em tecnologia não somente para criar mais conforto e
fomentar o consumo desenfreado, mas também para equipar hospitais de qualidade,
dando condições de todos terem acesso à saúde e construirão e estruturarão
escolas para que todos tenham acesso à educação, no intuito de, no futuro,
todos por merecimento, possam produzir e acumular suas próprias riquezas, mas
sem se esquecer do seu semelhante.
Neste dia a frase de Rubem Alves contida no início do texto
será refeita nos seguintes termos:
“Os que
estão em cima empreende coisas diferentes, pois lhes interessa mudar. O poder e
a riqueza somente são benevolentes quando dá condições de todos os alcançarem e
quando são revertidos em favor do próximo. E os que se acham por baixo não se
sentem esmagados pelo peso da situação e gastam suas energias na simples luta
pela construção de um mundo melhor.”
Namastê
"O Deus que habita em mim, saúda o Deus que habita em você"
(Texto de Autoria de Claudinei Almeida Milsone)
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