quinta-feira, 26 de novembro de 2015

Das Cores e O Preconceito Racial



“Gosto das cores, das flores, das estrelas, do verde das árvores, gosto de observar. A beleza da vida se esconde por ali, e por mais uma infinidade de lugares, basta saber, e principalmente, basta querer enxergar”.

  

AS CORES – E A MAGIA DE UM UNIVERSO COLORIDO


Em algum dia da sua vida, ao levantar-se da cama, você já agradeceu as cores? Agradeceu pelo amarelo dourado do Sol, o azul do Céu e do Mar, o verde da Natureza, o rosa e o violeta encontrado nas flores, o branco das nuvens, sem esquecer-se do vermelho, cor do coração, que transborda Amor e Paixão?

Será que em algum momento da sua existência você já parou para contemplar o espetáculo colorido que nossos olhos têm acesso diariamente e de forma gratuita? E reparou que tudo a nossa volta é repleto de cores, tornando todas as coisas mais belas?

Se a sua resposta para as perguntas acima foi não, então eu simplesmente lhe digo que nunca é tarde para começar a agradecer, pois você já imaginou o que seria um mundo sem cores? Ou se Deus tivesse criado o mundo em preto e branco ou simplesmente monocromático?

Com certeza o mundo teria um aspecto triste, pois são justamente as cores que trazem vida e alegria ao Universo. As cores estão presentes na natureza distinguindo espécies em todos os reinos: mineral, vegetal, animal e hominal. Somos agraciados com infinitas combinações de cores de cristais, flores, frutas, vegetais, animais, pássaros, entre outros; cada qual resplandecendo sua beleza através de uma ou mais combinações de cores.

No reino hominal, temos pessoas que nascem com olhos pretos, castanhos, verdes, azuis. Outros que possuem cabelo preto, castanho, branco, louro ou ruivo. Temos os índios conhecidos como pele vermelha, os povos orientais denominados de pele amarela, os europeus ou povos ocidentais, também chamados de homem branco, e os africanos ou negros, além da miscigenação existente devido ao cruzamento entre as raças. Todos fazendo parte de uma única família: A FAMÌLIA HUMANA.

Como você pode perceber, as cores se misturam no Universo resultando em uma composição bela e harmônica, que reflete a perfeição e o Amor do Criador para com seus filhos. Mas apesar da beleza das cores, infelizmente em pleno século XXI ainda temos que conviver com o preconceito racial e com pessoas que se julgam superiores, simplesmente por terem uma cor de pele diferente. Na natureza todas elas se misturam e vivem juntas, em harmonia, mas o homem prefere ignorar a beleza dessa mistura e destilar seu ódio racial, através de violência, guerras, supressão de direitos... Isso me faz lembrar a lenda do Arco-Íris, de autoria desconhecida, que segue abaixo para reflexão:

A LENDA DO ARCO-ÍRIS

Houve uma vez em que as cores do mundo começaram uma disputa entre si. Cada uma reivindicava para si que era a melhor.


A mais importante.
A mais útil.
A mais bela,
A favorita...

As cores se ostentavam, cada uma enaltecendo sua superioridade.

A disputa estava cada vez mais acirrada, quando, de repente, um flash surpreendente de um trovão iluminou tudo...

A chuva verteu implacavelmente.

As cores se encolheram de medo, enquanto procuravam ficar mais perto uma das outras.

No meio do barulho, a chuva começou a falar:

- Vocês, cores tolas, lutando entre si, cada uma tentando dominar as outras... Vocês não sabem que cada cor traz um propósito especial? Nem igual, nem diferente? Deem as mãos e venham a mim.

Fazendo como lhes fora dito, as cores se uniram e deram-se as mãos. E a chuva continuou:

- De agora em diante, quando chover, cada uma de vocês se mostrará pelo céu, em um grande arco colorido, para lembrar que se pode viver em paz. Criarão o Arco-Íris; e ele será sempre um sinal de esperança.

E assim, sempre que uma boa chuva lava o mundo, um lindo Arco-Íris aparece no céu, mostrando a amizade e a paz entre as cores.

Na música “Pensamentos”, de composição de Roberto Carlos e Erasmo Carlos, temos uma passagem que vale a pena ser ressaltada, pois vem ao encontro do texto:

“E eu penso nas razões da existência, contemplando a natureza nesse mundo, onde às vezes aparente coincidências têm motivos mais profundos. Se as cores se misturam pelos campos é que flores diferentes vivem juntas, e a voz dos ventos na canção de Deus, responde todas as perguntas.”

Quando unimos nossas mãos, nossas diferenças ficam menores. Nosso poder aumenta e nos tornamos muito mais belos. Que um dia possamos alcançar a paz e viver em harmonia, assim como as flores nos campos. E, assim, se torne realidade outro trecho da música "Pensamentos", nos seguintes versos:  

“Quem me dera que as pessoas que se encontram se abraçassem como velhos conhecidos, descobrissem que se amam e se unissem na verdade dos amigos. E, no topo do Universo, uma bandeira estaria no Infinito iluminada pela força desse AMOR, luz verdadeira. Dessa PAZ tão desejada”

NAMASTÊ
O Deus que habita em mim, saúda o Deus que habita em você.


(Texto de Autoria de Claudinei Almeida Milsone)

Medo



“Viver com medo é viver pela metade. Nunca duvide de sua capacidade divina, pois se a vida tem valor é justamente pelo fato de você ter valor diante da vida. O Mundo só existe a partir da nossa experiência consciencial e isto requer ação, não omissão.”
(Claudinei Almeida Milsone)

MEDO

Medo, palavra pequena de apenas quatro (4) letras, mas tão abrangente quanto o infinito. O medo representa um estado suscitado pela consciência de um temor, receio ou perigo, que pode ser fundamentado ou irracional, real ou imaginário.

O medo parte de um princípio positivo, em especial quando nos deparamos à frente de um perigo real e fundamentado, pois ele atua em nosso corpo liberando altas doses de adrenalina. O coração passa a bombear mais sangue para os nossos tecidos e músculos, nossos pulmões, através dos brônquios, se expandem para captar mais oxigênio e se desencadeia toda uma série de reações orgânicas que nos preparam para a luta e o enfrentamento ou para a fuga, mas ambos visam à proteção do ser. É o instinto de sobrevivência falando mais alto.

Nossos ancestrais quando se deparavam nos primórdios da humanidade com feras, tais como leões, tigres ou outros animais selvagens não teriam a menor chance de sobrevivência se não fosse o medo disparar a adrenalina e desencadear as reações no organismo que os preparavam para a luta ou fuga. Imagine se ao invés de olharem para uma fera e sentirem medo eles reagissem: “Eu acho que eu vi um gatinho”, com certeza não existiríamos e nem estaríamos aqui para contar história.

Quem não se lembra do menino que perdeu o braço em um zoológico quando estava “brincando” com um leão. Talvez o sentimento de medo, comum nestas situações, o tivesse salvado do acidente, que por sorte não foi pior, pois poderia ter lhe custado a vida.

Portanto, esse medo, enquanto real e fundamentado, é importante para a preservação da espécie.

Entretanto, com o passar dos tempos e o avanço tecnológico não temos mais que nos defrontar com feras selvagens como nossos ancestrais e, em tese, não deveríamos viver em uma sociedade com tanto medo, correto?

Todavia, ocorre justamente o contrário, vivemos em uma sociedade onde um dos sentimentos mais generalizados é o medo, só que um medo doentio, negativo e limitador da essência humana. Vivemos pela metade. As pessoas hoje sofrem medo de tudo e de todos, são fobias e mais fobias.

As pessoas têm medo de perder o emprego, medo de não conseguirem pagar suas contas no final do mês, medo de não ser amadas, medo de se expor e não serem aceitas, medo de fracassar, medo de ficar doentes, medo de andar sozinhas à noite, outros com medo de andar de avião, medo de dirigir carro, medo de insetos, medo de água, etc. Há uma infinidade de medos que um ser humano pode nutrir.

Para citar alguns exemplos limitadores desses medos, tenho uma vizinha no meu edifício que não desce no mesmo elevador se alguém estiver com um cachorro, mesmo se for de porte pequeno e estiver no colo. Outra amiga, a quem admiro muito, que não viaja de avião, mesmo com a filha morando no exterior. Uma colega, que tem um medo tão grande de água, que somente de colocar a mão em um tanque já sofre com pensamentos aterrorizantes de estar se afogando. São exemplos de medos que limitam a expressão de nossa totalidade.

Nos casos de fobias, dos medos irracionais e imaginários, a cura passa justamente pelo enfrentamento do medo, pois em resumo, ou nós confrontamos nossos medos e os dominamos ou seremos dominados por eles.

Para curarmos nossos medos devemos fazer as coisas as quais temos medo, para aprender, através da nossa própria experiência, a não temê-las. A ação cura o medo. Se você ficar pensando muito: vou ou não vou, faço ou não faço, você estará alimentando o medo. As pessoas devem ser colocadas na situação temida para que o cérebro emocional se convença de que as coisas terríveis imaginadas não vão acontecer, ou seja, se alguma coisa te amedronta, te incomoda, não fuja, enfrente-a. Um ego maduro não busca segurança, ele sai da sua zona de conforto e vai viver a vida, enfrentando seus medos, arriscando-se, buscando, ousando.

Desta forma, ao contrário do que muitas pessoas fazem não devemos afastar os pensamentos assustadores e sim trazê-los à mente, à nossa consciência e desafiá-los, para serem examinados e reavaliados. Sufocar os medos e os pensamentos ruins torna-se contraproducente, pois quanto mais tentamos sufocá-los, mais eles se tornam recorrentes, pois você acredita neles, aceita como sendo seus e alimenta as emoções que se originam desse padrão mental e isso se torna um ciclo vicioso, onde as reações vão ficando cada mais fortes.

Portanto, não acredite em tudo que pensa. Nós podemos mudar nossos sentimentos de medo mudando os pensamentos que os produzem. Devemos verificar quais são nossas alternativas, colocar os sentimentos em perspectiva e reavaliá-los. Você continuará tendo pensamentos assustadores, continuará sentindo medo, mas descobrirá que você pode viver com eles, pode dominá-los ao invés de ser dominado por eles e experimentará uma sensação libertadora, pois estará vivenciando sua potencialidade e não se limitando ou vivendo pela metade.

Como já dizia Mark Twain, “Coragem é a resistência ao medo, domínio do medo, e não a ausência do medo”. Assim sendo, identifique os seus medos e os desafie. Augusto Cury, outro brilhante pensador, afirma no mesmo sentido: “Não tenha medo da vida, tenha medo de não vivê-la. Não há céu sem tempestades, nem caminho sem acidentes”.

Neste diapasão, não poderíamos deixar de trazer um poema sobre o medo, de autoria de Osho, denominado: O Rio e o Oceano.

O Rio e o Oceano
“Diz-se que mesmo antes de um rio cair no oceano, ele treme de medo.
Olha para trás, para toda a jornada, os cumes, as montanhas, o longo caminho sinuoso através das florestas, através dos povoados, e vê à sua frente um oceano tão vasto que entrar nele nada mais é do que desaparecer para sempre.
Mas não há outra maneira. O rio não pode voltar. Ninguém pode voltar. Voltar é impossível na existência. Você pode apenas ir em frente. O rio precisa se arriscar e entrar no oceano. E somente quando ele entra no oceano é que o medo desaparece.
Porque apenas então o rio saberá que não se trata de desaparecer no oceano, mas tornar-se oceano. Por um lado é desaparecimento e por outro lado é renascimento.
Assim somos nós. Só podemos ir em frente e arriscar. Coragem!! Avance firme e torne-se Oceano”.

Acima falamos do medo real e fundamentado, que possui um aspecto positivo de preservação da espécie, pois abrange o instinto de sobrevivência e falamos também dos medos e fobias que alimentamos, que são mais irracionais e imaginários, de aspecto negativo e limitadores da essência humana, onde a cura passa pelo enfrentamento e o domínio sobre o medo, mas não poderíamos terminar esse texto sem falar de um medo, que na minha humilde concepção é o pior que existe: O medo que o ser humano sente do outro ser humano.

Dois exemplos que retratam essa triste realidade, dentre inúmeros que poderíamos trazer, aconteceram recentemente. Em um deles, um torcedor do Santos foi morto a pauladas quando passeava tranquilamente com um amigo depois de comprar uma bebida em um posto de conveniência, simplesmente por não torcer pelo mesmo time de seus agressores.

O que fazer nesse caso? Devemos enfrentar o medo e sair com a camisa do nosso time, mesmo correndo o risco de encontrar um maluco que possa nos assassinar a pauladas pelo simples fato de não torcermos pelo mesmo time que o dele? Ou é melhor nos omitirmos, não viver nossa essência, nos limitarmos, para preservarmos nosso instinto de sobrevivência. Esse é um medo irracional e imaginário ou real e fundamentado? Quer a resposta? Eu não vou dá-la, pois nem eu sei qual é a resposta para isso. Sei que é resultado da falta de Amor, mas como incutir Amor em pessoas que ainda não aprenderam a Amar? Que ao invés de preservar a vida a destroem?

Outro fato ocorreu em Paris, onde pessoas foram mortas em vários locais, entre cafés, restaurantes e teatros, simplesmente por professarem uma crença religiosa e um estilo de vida diferente da dos seus agressores. Muitos vão falar: “Ah, são terroristas e devem ser eliminados da face da terra!” Mas aí eu penso: Quantas pessoas não foram mortas em um passado não tão distante pela Igreja na época das Cruzadas e na época da Inquisição? Isso também se deu em nome de Deus. O que fazer em tais situações? Será que uma nova guerra é o caminho para paz? Será que a paz combina com guerra e com a morte de soldados, civis e inocentes? Até quando continuaremos neste ciclo de destruição e morte? Até quando seres humanos continuarão sentindo medo de outros seres humanos? Até quando seres humanos continuarão matando outros seres humanos?

Há uma música cantada por Lenine e Julieta Venegas, chamada “Miedo”, ao qual transcrevemos alguns trechos que servem para reflexão, nesse momento de medo e dor que assola o Mundo:

O medo é uma sombra que o temor não esquiva
O medo é uma armadilha que prendeu o amor
O medo é uma alavanca que apagou a vida
O medo é uma fenda que aumentou a dor
Tenho medo de gente e de solidão
Tenho medo da vida e medo de morrer
Tenho medo de ficar e medo de escapulir
O medo é uma linha que separa o mundo
O medo é uma força que não me deixa andar
Medo que dá medo do medo que dá

Em alguns casos, parecemos ter a resposta para os nossos medos, em outros, parece que não temos resposta alguma. A isso chamamos de angústia, que é o sentimento de insegurança, inquietude, acarretado por dor, sofrimento, falta ou carência.

E essa angústia se explica pela falta e pela carência de Amor. Quando falta Amor no coração dos homens, sobram medos e angustias.

Até quando?

Quando vamos aprender a lição do Amar ao próximo como a nós mesmos?

Quando vamos nos unir ao invés de separar e dividir?

Quando deixaremos de ser Rio e nos tornaremos Oceano?


NAMASTÊ
O Deus que habita em mim, saúda o Deus que habita em você.

(Texto de Autoria de Claudinei Almeida Milsone)

quarta-feira, 21 de outubro de 2015

AMOR


“Quando eu me amo eu me liberto do peso e da necessidade de que você me ame”
(Claudinei Almeida Milsone)

AMOR

Nenhuma palavra no mundo foi tão definida, conceituada e debatida quanto a palavra amor. Ela aparece nos textos religiosos, literários, em poesias, canções e em todas as formas de expressão possíveis e imaginárias. De tudo que eu já li, vi, ouvi e presenciei a respeito do amor, a definição que mais se aproxima da essência e da pureza transmitida por essa palavra foi dada por Naomi Raiselle, nos seguintes termos extraído da página 97 do livro: O Livro do Perdão – O Caminho para o Coração Tranquilo, de autoria de Robin Casarjian, Editora Rocco, 3ª edição.

“O Amor não é mais nem menos do que a expressão simples, honesta e natural da nossa totalidade, da nossa completa auto-aceitação”
Essa definição de Amor me faz lembrar de uma música da década de 80, da Banda Ultraje a Rigor, chamada Eu me Amo. Para quem não viveu essa fase ou não se lembra da canção, segue a letra abaixo:

Há quanto tempo eu vinha me procurando
Quanto tempo faz, já nem lembro mais
Sempre correndo atrás de mim feito um louco
Tentando sair desse meu sufoco
Eu era tudo que eu podia querer
Era tão simples e eu custei pra aprender
Daqui pra frente nova vida eu terei
Sempre a meu lado bem feliz eu serei
Eu me amo, eu me amo
Não posso mais viver sem mim
Como foi bom eu ter aparecido
Nessa minha vida já um tanto sofrida
Já não sabia mais o que fazer
Pra eu gostar de mim, me aceitar assim
Eu que queria tanto ter alguém
Agora eu sei sem mim eu não sou ninguém
Longe de mim nada mais faz sentido
Pra toda vida eu quero estar comigo
Foi tão difícil pra eu me encontrar
É muito fácil um grande amor acabar, mas
Eu vou lutar por esse amor até o fim
Não vou mais deixar eu fugir de mim
Agora eu tenho uma razão pra viver
Agora eu posso até gostar de você
Completamente eu vou poder me entregar
É bem melhor você sabendo se amar

Outra definição interessante e que merecer ser trazida nesse contexto foi dada por Clovis de Barros Filho, professor de Ética, da Escola de Comunicações e Artes da USP, em entrevista ao Jô Soares:

“Pare pra pensar. Se você vai ter que conviver com você mesmo até o fim, se você vai ter que se aguentar até o fim, se você vai ser expectador de você mesmo até o fim, é melhor que se encante com você e com o que você faz, senão dificilmente a vida vai valer a pena”
Continuando nessa linha de raciocínio, mas trazendo à tona uma visão mais Espiritualista do Amor, quem não conhece a máxima, que não é contestada por nenhuma crença ou religião, que diz: “Ame o próximo como a ti mesmo”, ou em outras palavras ame o próximo do mesmo jeito como você se ama.

Veja que tanto na frase acima, como na letra da música, no texto extraído do livro e no pensamento do professor Clóvis, o EU ou o TI MESMO vem antes.

Porque estou falando de tudo isso?

Não, eu não estou convidando ninguém a ser narcisista ou nutrir um sentimento de apego a si mesmo, pelo contrário.

 O fato é que nos venderam uma ideia errônea de que somos seres incompletos. Quantas vezes já não ouvimos alguém dizer: “Eu preciso achar minha alma gêmea”, ou, “Quando é que vou encontrar minha tampa”, ou ainda, “Minha outra metade está perdida por aí”.

Toda vez que as pessoas falam de Amor elas sempre colocam mais alguém nessa relação e dividem em Amor de Mãe ou Amor de Pai (tem um filho nessa relação), Amor de Esposa ou Amor de Marido (existe o cônjuge), Amor de Irmão (há um irmão no meio), Amor de Amigo (há uma outra pessoa ligada pelo vínculo da amizade).

Não há nada de errado nessas definições, todavia, elas nos trazem uma falsa percepção de que somente seremos felizes ou completos quando tivermos outra pessoa em nossa vida e nos esquecemos de que já nascemos completos. E agindo dessa forma invertemos o processo natural do Amor, que ao invés de se manifestar de dentro para fora passa a manifestar-se de fora para dentro.

Todos devem concordar que nós só doamos aos outros aquilo que temos. Por exemplo, se eu parar em um semáforo e uma criança pedir para eu comprar um pacote de balas eu só vou concretizar tal fato se tiver dinheiro em meu bolso ou carteira, caso contrário, mesmo que eu queira não vou poder ajudar.

Da mesma forma, se uma pessoa espere que eu a ame incondicionalmente eu só vou conseguir atender a sua expectativa se antes eu me amar incondicionalmente. Se alguém me ofender ou me prejudicar e após vier pedir perdão eu somente conseguirei perdoar se antes eu tiver aprendido a me perdoar. Se o outro aguarda minha compreensão isso só será possível se eu antes tenha aprendido a ser compreensivo comigo mesmo.

Mais uma vez, somente doamos aos outros aquilo que temos dentro de nós. Portanto, torna-se impossível eu amar, perdoar, compreender meu semelhante se eu não consigo agir desta forma comigo mesmo.

Portanto, não é o outro que tem que me completar, mas sim eu mesmo, pois uma vez completo fica fácil de compartilhar o amor, o perdão, a compreensão a todas as pessoas.

Agora, se eu jogo essa responsabilidade para o outro e este vem a faltar ou a me abandonar eu volto a ser incompleto, infeliz, a viver sem amor. Nestes casos, não estamos falando de Amor, mas de ilusões, de romances, paixões, vícios, moedas de troca, tudo menos Amor, pois o verdadeiro Amor está em nosso interior e nuca nos abandona.

Quantas vezes não ouvimos pessoas afirmando:  “Ah fulano se matou por Amor”, ou, “Beltrano matou o outro por Amor”. São os chamados crimes passionais. Isso pode ser tudo, posse, obsessão, mas jamais Amor. Suicídio, Homicídio, Crimes Passionais não podem ser sinônimo de Amor.

O verdadeiro Amor é aquele que liberta, que deseja a felicidade da outra pessoa mesmo que não seja ao seu lado. É o apego com desapego. Isso não impede de que eu sinta saudades, mas de uma forma saudável e que é perfeitamente compatível com a essência e a pureza do Amor.

Desta forma, o verdadeiro Amor está dentro de nós, e ele por si só nos completa, nos faz inteiro e quando eu alcanço sua essência e sua pureza torna-se fácil compartilhá-lo com todas as pessoas que cruzam o meu caminho, sem qualquer tipo de amarras. Passamos a ser multiplicadores desse sentimento mágico.

A escritora Martha Medeiros tem um pensamento análogo que vai ao encontro do texto e que merece ser transcrito:

“Fizeram a gente acreditar que cada um de nós é a metade de uma laranja, e que a vida só ganha sentido quando encontramos a outra metade. Não contaram que já nascemos inteiros, que ninguém em nossa vida merece carregar nas costas a responsabilidade de completar o que nos falta. A gente cresce através da gente mesmo. Se estivermos em boa companhia, é só mais agradável”.
Assim, a medida que a compaixão e o entendimento sobre nós mesmos cresce, começamos a experimentar a verdadeira realidade do amor em nossas vidas.

Entretanto, não se preocupe se você ainda não alcançou esse estágio, pois o amor é paciente e ele aguarda por trás das nossas frágeis ilusões o dia em que alcançaremos a nossa glória inata.

E para inspirá-los, fiquem com a letra da música Monte Castelo, da Banda Legião Urbana:

Ainda que eu falasse
A língua dos homens
E falasse a língua dos anjos
Sem amor eu nada seria
É só o amor! É só o amor
Que conhece o que é verdade
O amor é bom, não quer o mal
Não sente inveja ou se envaidece
O amor é o fogo que arde sem se ver
É ferida que dói e não se sente
É um contentamento descontente
É dor que desatina sem doer
Ainda que eu falasse
A língua dos homens
E falasse a língua dos anjos
Sem amor eu nada seria
É um não querer mais que bem querer
É solitário andar por entre a gente
É um não contentar-se de contente
É cuidar que se ganha em se perder
É um estar-se preso por vontade
É servir a quem vence, o vencedor
É um ter com quem nos mata a lealdade
Tão contrário a si é o mesmo amor

Estou acordado e todos dormem
Todos dormem, todos dormem
Agora vejo em parte
Mas então veremos face a face
É só o amor! É só o amor
Que conhece o que é verdade
Ainda que eu falasse
A língua dos homens
E falasse a língua dos anjos
Sem amor eu nada seria

NAMASTÊ
“O Deus que habita em mim, saúda o Deus que habita em você”

(Texto de Autoria de Claudinei Almeida Milsone)


quinta-feira, 15 de outubro de 2015

A HISTÓRIA DE MEGAN


A HISTÓRIA DE MEGAN


Eu estava pronta a deixar meu emprego. Eu já tinha chegado ao ponto em que detestava acordar de manhã, cheia de ansiedade quanto ao dia que nascia. A verdade é que eu adorava a minha posição como vendedora; eu gostava da linha de produtos e da maioria dos meus colegas. Era a minha chefe, a gerente do meu departamento que me deixava louca. Dificilmente passava um dia sem que ela achasse alguma coisa errada no meu trabalho e, embora fosse a vendedora que mais ganhava comissões naquela divisão, a minha chefe, Joanna, sempre achava algo errado. Eu estaria trabalhando na minha mesa quando ouvisse a voz fria de Joanna pedindo que eu fosse ao seu escritório.

Enquanto caminhava pela sala, eu percebia que o meu maxilar estava cerrado e que as minhas mãos haviam se fechado em punhos. Uma vez dentro do seu escritório, encarando o seu rosto zangado, eu tinha que responder a uma lista de checagem ritual de "Você fez______?" "Você cuidou da______?".
Ela continuava até que eu estivesse pronta para esganá-la. Muitas vezes, ela encontrava alguma pequena omissão para poder me criticar.

A essa altura, eu estava tão zangada que, ao voltar para a minha mesa, passava algum tempo fazendo buracos no meu mata-borrão com a caneta, enquanto pensava em fantasias de vingança.

Quando fui ao meu exame médico anual, o médico me preveniu que a minha pressão sanguínea e o meu colesterol estavam subindo. Ele perguntou sobre o meu nível de estresse no trabalho e me aconselhou a tomar alguma atitude. Na semana seguinte, um amigo me convidou a uma palestra sobre o "perdão". Nem me lembrei de Joanna quando fui à palestra. Para mim, ela estava além do perdão. Mas eu achei que talvez fosse hora de pensar em perdoar um antigo namorado - e além disso, era uma ocasião de ver o meu amigo.

As idéias que foram apresentadas lá eram completamente novas para mim e, para minha surpresa, fiquei inspirada a realmente começar a aplicá-las no meu relacionamento com Joanna. No dia seguinte, prometi a mim mesma que veria tudo que Joanna fizesse como um sinal de medo ou insegurança - e quando pensei bem sobre isso, soube que estava certa. Quando ela me chamou, respirei fundo três ou quatro vezes e caminhei o mais calmamente possível para o seu escritório. Foi a mesma rotina, mas dessa vez eu me lembrei de respirar fundo e tentei praticar o perdão.

Pela primeira vez, olhei bem para o seu rosto e vi marcas profundas do que parecia ser medo e raiva. Dessa vez eu elaborei as minhas respostas, tentando assegurar-lhe de que eu estava tomando conta dos negócios e de que tudo estava coberto. Inesperadamente, o rosto de Joanna suavizou-se um pouco. O questionário foi um pouco menor e ela disse adeus com um calor pouco característico.

No dia seguinte, eu soube que seu filho adolescente sofria de um problema de saúde raro (o que aconteceu poucos meses depois do seu divórcio). A minha percepção de Joanna mudou de uma figura materna crítica e acuadora para a de uma mulher sobrecarregada, estressada e assustada. A medida que eu cultivava essa nova compreensão, comecei a ver que sob todo o medo, culpa e julgamento estava apenas outro ser humano tentando conseguir amor, reconhecimento e atenção do modo que achava melhor. O seu trabalho havia se tornado o último bastão de controle, de modo que ela lutava desesperadamente para garantir o sucesso do seu departamento. Agora, ao invés de querer matar Joanna, eu comecei a querer ajudá-la. Quanto mais eu fazia isso, menos medo ela tinha. Incrivelmente, ela passou a confiar em mim e ficamos amigas. Embora às vezes ela volte ao seu antigo comportamento quando está sob muita pressão, já não levo isso para um nível pessoal. Gosto de ir trabalhar e sinto-me mais produtiva porque não gasto tanta energia ficando zangada ou me recuperando das minhas reuniões.

História extraída do: "O LIVRO DO PERDÃO O CAMINHO PARA O CORAÇÃO TRANQUILO,                                 editora Rocco, 3ª edição, de autoria de Robin Casarjian.


quarta-feira, 14 de outubro de 2015

A HSTÓRIA DE TERRY

A HSTÓRIA DE TERRY


Um ponto marcante na minha vida aconteceu um dia, num trem nos subúrbios de Tóquio. Era o meio de uma preguiçosa tarde de primavera e o vagão estava relativamente vazio - umas poucas donas de casa indo às compras junto com os filhos, algumas pessoas idosas, um par de garçons no dia de folga lendo o resultado das corridas. O vagão velho e barulhento estava de uma maneira monótona sobre os trilhos, enquanto eu espiava distraidamente as casas desbotadas e as sebes empoeiradas.

Numa pequena estação sonolenta, as portas se abriram e a tarde modorrenta foi quebrada por um homem berrando a plenos pulmões. Uma série de violentas imprecações vibraram no ar. Pouco antes das portas fecharem, o homem ainda gritando, entrou cambaleando no vagão. Era um enorme operário japonês, bêbado e imundo. Seus olhos injetados pareciam dois faróis vermelhos e sua face estava rubra de raiva e ódio. Gritando palavras ininteligíveis, avançou contra a primeira pessoa que viu - uma mulher segurando um bebê. O golpe pegou de raspão no seu ombro, mas a fez rodar pelo carro até cair sobre um casal idoso. Foi um milagre o bebê sair ileso. O casal se levantou num salto e fugiu para o outro lado do vagão. O operário mirou um chute nas costas da anciã. "Sua velha vadia", ele urrou, "Vou chutar seu rabo". Ele errou e a velha senhora escapou para longe do seu alcance. Completamente fora de si, o bêbado agarrou uma das barras de ferro no centro do vagão e tentou arrancá-lo do seu encaixe; pude ver que uma das suas mãos estava sangrando. O trem seguia balançando, os passageiros mortos de medo. Fiquei de pé.

Naquela época eu era um jovem e estava em boa forma. Tinha 1,83 m de altura, pesava 102 Kg e treinava oito horas de aikidô por dia há três anos. Eu estava totalmente obcecado pelo aikidô, não me cansava de praticar. Gostava principalmente dos treinos mais difíceis. O problema era que minha habilidade nunca fora testada numa luta de verdade. Éramos severamente proibidos de utilizar em público as técnicas do aikidô, a não ser quando fosse absolutamente necessário defender outras pessoas. Meu mestre, o fundador do aikidô, nos ensinava todas as manhãs que o aikidô não era violento. O aikidô, ele sempre repetia, "É a arte da reconciliação. Usá-lo para fortalecer o ego, ou para dominar outras pessoas, é trair totalmente o seu propósito. Nossa missão é solucionar conflitos, não gerá-los". Eu escutei suas palavras, é claro, e até cheguei a atravessar a rua algumas vezes para evitar grupos de desordeiros que poderiam ter me oferecido uma briga para testar as minhas habilidades. Nos meus devaneios, porém, eu desejava uma situação legítima para defender os inocentes, arrasando com os culpados. E essa situação havia aparecido na minha frente, para minha grande alegria. Meus pedidos haviam sido atendidos. Pensei com meus botões: esse cafajeste, esse animal, está bêbado, grosseiro e violento. É uma ameaça à ordem pública e vai ferir alguém se eu não agir. A necessidade é real. Meu sinal ético está  verde.

Ao ver-me de pé, o bêbado me fuzilou com os olhos. "Arrá", rugiu ele, "Um moleque cabeludo estrangeiro precisa de uma lição de boas maneiras japonesas". Eu estava segurando a alça do trem, aparentemente desequilibrado, fingindo desinteresse.

Olhei para ele com desprezo insolente, que queimou no seu cérebro como uma brasa na areia molhada. Eu o faria em pedaços. Ele era grande e mau, mas estava bêbado. Eu era grande, mas treinado e completamente sóbrio. Ele berrou "Você quer uma lição sua besta?". Eu não disse nada, mas lancei-lhe um olhar gélido. Ele se preparou para vir para cima de mim com toda a força. Ele nunca iria saber o que o atingira.

Uma fração de segundo antes de ele se mover, alguém gritou "Ei", bem alto. Foi um som agudo quase ensurdecedor, mas com uma estranha alegria - como se você  e um amigo estivessem procurando algo e ele subitamente encontrasse o que buscava.

Girei para a minha esquerda e o bêbado para a direita. Nós dois vimos um velhinho. Ele devia ter mais de setenta anos, esse senhor minúsculo, impecável no seu quimono e hakama. Ele não me deu nenhuma atenção, mas sorriu alegremente para o operário, como se fosse dividir um segredo importante e agradável.

"Vem cá", chamou o velhinho. "Vem cá falar comigo". Ele acenou levemente e o bêbado seguiu como se estivesse preso a um barbante. Ele estava confuso, mas ainda agressivo " O que você quer seu velho idiota?", ele perguntou, rugindo mais alto que o barulho do trem. O bêbado agora estava de costas para mim. Eu podia ver os seus cotovelos, dobrados como se estivesse pronto para socar. Se eles se movessem um milímetro, eu o acertaria.

O velho continuou a sorrir. Não havia nele nenhum traço de ressentimento ou medo. "O que você andou bebendo?", perguntou, os olhos brilhando de interesse.

"Eu estava bebendo saquê, seu porco sujo", gritou o operário, "O que você tem a ver com isso?"

"Oh, isso é maravilhoso", deliciou-se o velho, "absolutamente maravilhoso!. É que eu adoro saquê. Toda noite eu e minha esposa (ela tem 67 anos, sabe?) aquecemos uma garrafinha de saquê e levamos para o jardim, onde sentamos no velho banco que um estudante do meu avô fez para ele. Nós vemos o sol se pôr e como está a nossa árvore. Meu avô plantou aquela árvore, você sabe, e estamos preocupados para saber se ela se recuperará dessa tempestade de granizo do último inverno. Caquizeiros não se recuperam bem depois de tempestades de granizo, embora eu deva dizer que o nosso tenha se saído melhor do que eu esperava, especialmente quando você leva em conta a má qualidade do solo. Mas, de qualquer maneira, levamos mossa garrafa de saquê e apreciamos o anoitecer junto da nossa árvore. Mesmo quando chove!" Ele sorriu para o operário, seus olhos brilhando, feliz por compartilhar a informação maravilhosa.

Enquanto tentava seguir a intrincada conversa do velho, a expressão do bêbado foi se atenuando. Seus punhos se abriram lentamente. "É", disse ele, quando o velhinho terminou, "Eu também gosto de saquê..." Sua voz foi diminuindo.

"Sim", sorriu o velho, "e eu estou certo que a sua mulher é maravilhosa".

"Não", replicou tristemente o operário, "eu não tenho mulher". Ele deixou pender a cabeça e balançou silenciosamente, acompanhando o movimento do trem. E então, com uma surpreendente suavidade, começou a a soluçar. "Eu não tenho esposa", gemeu ritmicamente, "eu não tenho casa, eu não tenho roupas, eu não tenho ferramentas, eu não tenho dinheiro e agora eu não tenho um lugar para dormir. Eu estou tão envergonhado". Lágrimas rolavam pelo rosto do grandalhão  e um espasmo de puro desespero sacudiu o seu corpo. Acima do bagageiro, um anúncio colorido exaltava as virtudes da vida luxuosa dos subúrbios. A ironia era quase insuportável. e subitamente senti-me envergonhado. Me senti mais sujo nas minhas roupas limpas e na minha pose de tornar o mundo seguro para a democracia do que aquele operário jamais se sentiria.

"Ora, ora", riu compassivamente o velhinho, embora a sua alegria não diminuísse. "É realmente uma situação muito difícil. Por que não se senta aqui e me fala sobre isso?"

Nesse momento, o trem parou no meu ponto. A plataforma estava cheia e a multidão avançou para dentro do vagão assim que as portas se abriram. Manobrando para sair, olhei para trás pela última vez. O operário estava esparramado como um saco no banco, com a sua cabeça no colo do velhinho. O ancião olhava para ele generosamente, uma mistura beatífica de deleite e compaixão brilhando nos seus olhos, uma das mãos acariciando a cabeça suja.

Enquanto o trem saia da estação, eu me sentei num banco e tentei reviver a experiência. Vi que o que eu estava preparado para conseguir com osso e músculo fora realizado com um sorriso e algumas palavras gentis. Reconheci que vira o aikidô em ação e que sua essência era a reconciliação, como o fundador dissera. Me senti estúpido, grosseiro e brutal. Soube que teria que praticar com um espírito totalmente diferente e que um longo período se passaria antes que eu pudesse falar com conhecimento de causa sobre o aikidô ou sobre a solução de conflitos.

História extraída do: "O LIVRO DO PERDÃO O CAMINHO PARA O CORAÇÃO TRANQUILO, editora Rocco, 3ª edição, de autoria de Robin Casarjian.







quarta-feira, 30 de setembro de 2015

EDUCAÇÃO EMOCIONAL NAS ESCOLAS

EDUCAÇÃO EMOCIONAL NAS ESCOLAS

A educação hoje fornecida pelas escolas é baseada na formação intelectual dos jovens e por melhor que esta seja, ou venha a ser no futuro, é falha na construção de valores e princípios que vão formar o caráter moral do indivíduo e direcionar seus relacionamentos sociais na vida adulta, pois não aborda a questão da educação emocional, dos sentimentos e emoções que fazem parte da totalidade do ser.
Todavia, muitos irão argumentar que a educação emocional não é de responsabilidade da escola, mas sim da família. Entretanto, temos de convir que, a figura da família sofreu grandes modificações em sua estrutura com o passar do tempo. Hoje há vários tipos de família.  No mais, a maioria dos pais e responsáveis pela educação da criança e do jovem, atualmente trabalham fora e pouco tempo possuem para ficar com seus filhos e, consequentemente, cada vez mais aumentam os números de estudantes em tempo integral nas escolas.
Portanto, a educação não é de responsabilidade somente da família, ou tão somente da escola, mas da sociedade como um todo. E se observamos a realidade que nos cerca veremos que estamos falhando e, muito, na educação de nossos jovens. Se a sociedade desempenhasse com louvor e completude essa função educadora, não teríamos tantos casos de homicídios, crimes passionais, desrespeito à vida e ao meio ambiente, preconceitos, corrupção, tráfico de drogas, e tantos outros que fazem parte constante do noticiário.
Notório e sabido por todos que, quando vamos construir um imóvel iniciamos a obra sempre pela sua base, reforçando a sua fundação, para que ela seja sólida e venha a aguentar todo o peso da construção. E qual é a base do ser humano? Nada mais do que a educação que lhe foi dada quando ainda jovem. Porém, a sua base nunca será forte o suficiente para suportar o peso e os desafios da vida, enquanto estiver baseada somente na educação intelectual.
 Não conseguiremos transmitir todos os valores necessários aos jovens, enquanto continuarmos ensinando-lhe tão somente: português, matemática, geografia, biologia, inglês, educação física e demais matérias curriculares e deixarmos de lado a educação emocional, que trabalha as emoções e os sentimentos presentes em todo ser humano, tanto em seus aspectos positivos e negativos e suas consequências na vida de cada um.
Somente seremos capazes de construir indivíduos mentalmente fortes e socialmente saudáveis quando integralizarmos a educação intelectual com a educação emocional. Duas faces que se completam.
Uma pessoa com a mente forte e equilibrada reflete um ser saudável no seu aspecto emocional e social, tornando-se altamente comprometido e produtivo tanto para si quanto para seus semelhantes.
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), saúde é um estado completo de bem estar físico, mental e social e não somente a ausência de afecções e enfermidades. Ninguém irá discordar que progredimos muito quanto ao completo bem estar físico. Hoje é preocupação da sociedade como um todo praticar esportes, alimentar-se de forma saudável e equilibrada. As academias vivem lotadas, os consultórios dos endocrinologistas e nutricionistas também. Alimentos naturais e orgânicos estão na moda, assim como programas que falam sobre o bem estar físico do indivíduo. Nas escolas temos na grade curricular a educação física.
Mas e quanto ao bem estar mental e social? Será que isso faz parte da nossa sociedade. Absolutamente não. Nunca na história humana tivemos tantas pessoas depressivas, usuárias de drogas ilícitas, alcoólatras, pessoas que não sabem lidar com suas emoções e sentimentos, que tem dificuldades em se relacionarem socialmente, que não conseguem conviver com suas frustrações e com os obstáculos da vida.
A história recente é rica em nos dar exemplos de pessoas altamente inteligentes, com QI(s) elevadíssimos e bem sucedidos profissionalmente que, numa simples briga de trânsito puxam o gatilho de uma arma e tiram a vida de outro semelhante; ou por crises de ciúme ou brigas domésticas matam o cônjuge e até mesmo os filhos; bem como de jovens capazes intelectualmente que agridem professores em sala de aula. E porque isso ocorre? Simplesmente pelo fato destas pessoas serem possuidoras de sentimentos e emoções desequilibradas, pois nunca ninguém lhes ensinou a educá-las. 
Desta forma, se não possuirmos um completo bem estar mental e social, a única conclusão a que podemos chegar é a de que somos doentes e vivemos em uma sociedade doente. E não se cura uma doença combatendo os seus efeitos, mas sim a sua causa e, somente a educação emocional é capaz de formar um cidadão mentalmente e socialmente são.
Se um dia pretendemos acabar com as drogas não é prendendo e punindo traficantes, mas sim educando as crianças e adolescentes quanto aos efeitos devastadores daquelas no organismo humano e as consequências prejudiciais e infelizes que causam à família e a sociedade como um todo.
Se quisermos acabar com os crimes de trânsito causados pelo álcool, não será com bafômetros, multas, apreensão da carteira de motorista e ou veículo, mas sim ensinando as crianças e adolescentes quanto aos efeitos do álcool no organismo e os prejuízos que acarretam no seio familiar, profissional e social.
Se almejarmos extinguir a violência da sociedade não será através da construção de presídios e punição dos criminosos, mas sim por meio do ensino aos jovens, nas escolas, sobre a importância do amor, do respeito ao próximo, da solidariedade, do combate ao preconceito, do expor e não impor ideias.
Neste diapasão, torna-se totalmente incongruente punir e corrigir o homem formado sem nunca o ter educado adequadamente. Não se construiu uma base firme e, a toda hora estamos consertando a fundação pelo telhado, mas esse telhado é frágil, de vidro, e está sempre caindo em nossas cabeças.
Já passou da hora de começarmos a discutir nas escolas a importância dos sentimentos e emoções positivas e os reflexos gerados em nossa vida; vamos abordar o amor, falar da humildade, discorrer sobre a solidariedade, vamos enaltecer a honestidade, a verdade, buscar caminhos para a tolerância, a ética e o respeito às diferenças, dissertar sobre a felicidade e a alegria. De que forma? Através de textos, atividades, por meio da história de personagens reais que fizeram parte da nossa história de forma positiva. Temos tantos: Jesus; Gandhi, Nelson Mandela, Martin Luther King, Ayrton Senna, Bethoven, etc.
Mas também vamos abordar, reconhecendo e combatendo, as emoções e os sentimentos negativos que, também existem dentro de nós, que geram conflitos em nossas vidas e são causados pelo: ódio, rancores e mágoas, inveja, mentira, egoísmo, orgulho, entre tantos outros que nos aprisionam e nos cegam.
Proclamemos a era da valorização da vida, estimulando a exposição e a discussão das emoções e dos sentimentos internos do ser humano. Vamos ensinar os jovens a enfrentar as dificuldades, obstáculos e frustrações da vida para que eles aceitem os desafios e encarem a realidade, ao invés de fugirem, mergulhando nos vícios de toda sorte ou na violência, para resolverem seus problemas.
A melhor medicina não é a paliativa, mas sim a preventiva. A melhor educação não á a punitiva, mas a de formação. Vamos plantar essas sementes nas escolas para germinar no futuro os frutos dos homens de caráter, mentalmente e socialmente são. E aqueles, que mesmo assim, se desvirtuarem do caminho do bem, não poderão culpar a sociedade, pois terão aprendido a exercitar o livre arbítrio e serão responsáveis pelas suas escolhas, vez que foram apresentados aos sentimentos e as emoções que fazem parte integrante do seu ser e os reflexos que cada um deles traz em sua vida.
Com a educação somente intelectual, da forma que ela se apresenta hoje nas escolas, os jovens se utilizam somente da mente racional e não se dão conta que o mundo somente pode ser percebido na sua totalidade, quando passamos também a enxergá-lo com os olhos da emoção e do sentimento, ou seja, os olhos do coração. Somente quando a educação emocional fizer parte da grade curricular dos nossos jovens é que conseguiremos alcançar um equilíbrio perfeito entre razão e emoção.
Daniel Coleman, em sua obra: “Inteligência Emocional”, aponta com propriedade ao afirmar: “Neste momento, deixamos a educação emocional de nossos filhos ao acaso, com consequências cada vez mais desastrosas. Uma das soluções é uma nova visão do que as escolas podem fazer para educar o aluno todo, juntando mente e coração na sala de aula”. 
Antoine de Saint-Exupéry, escritor francês, Autor da obra, “O Pequeno Príncipe”, resume bem esse pensamento ao afirmar:
Eis o meu segredo: só se vê bem com o coração. O essencial é invisível aos olhos. Os homens esqueceram essa verdade, mas tu não a deves esquecer. Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas."
Antevejo o dia em que todo o sistema educacional estará estruturado para levar inteligência às nossas emoções, civilidade às nossas ruas e envolvimento à nossa vida comunitária, pois estará amparado em rotinas e práticas de atividades que visam a instalação de aptidões humanas, essenciais ao despertar da consciência, do autocontrole, da empatia e das artes de ouvir, resolver conflitos e cooperar. 
E assim, em um dia qualquer, sem que nos apercebamos, estaremos abrindo um jornal, ligando uma TV, ou acessando a Internet e nossas casas estarão sendo invadidas por notícias positivas, que retratam o “Homem Equilibrado” em um mundo de Paz e de Solidariedade e não estaremos mais preocupados com os Direitos Humanos, pois teremos formados HUMANOS DIREITOS.    





GRADE CURRICULAR – MATÉRIAS QUE PODERIAM SER ABORDADAS ATRAVÉS DA EDUCAÇÃO EMOCIONAL.

1-    Aprendendo, através de textos e atividades em grupo, sobre sentimentos e atos positivos com definições e exemplos reais, com personagens reais:


·       Amor
·       Ética
·       Solidariedade
·       Humildade
·       Honestidade
·       Trabalho
·       Pacificidade
·       Alegria
·       Perdão
·       Paciência
·       Disciplina
·       Perseverança



2-    Reconhecendo e combatendo sentimentos e atos negativos, com definições e exemplos reais, de personagens reais.


·       Ódio
·       Rancor e Mágoa
·       Intolerância e Preconceitos
·       Inveja
·       Mentira
·       Orgulho
·       Egoísmo
·       Impaciência
·       Indisciplina
·       Preguiça



OUTROS EXEMPLOS DE MATÉRIAS A SEREM ABORDADAS

Ø  A importância do sonhar e a busca no trabalho, com perseverança e disciplina, a realização de metas e objetivos.
Ø  Como lidar com as dificuldades e obstáculos da vida e os fracassos temporários. Podemos abordar a serenidade, a aceitação da realidade, incentivando a descoberta da força interior para vencê-los. Trazer o exemplo dos atletas paraolímpicos e de pessoas que, mesmo sofrendo com alguma limitação ou deficiência são exemplos de superação.
Ø  Como lidar com a tristeza, com a saudade e a perda de entes queridos.
Ø  A importância dos Líderes Positivos. A história de líderes pacíficos que transformaram o mundo tais como: Jesus, Mandela, Gandhi, Madre Teresa, Marthin Luther King, entre outros:
Ø  Os Líderes Negativos e os prejuízos ocasionados ao mundo, decorrentes de suas ações, baseadas no ódio, na intolerância e no orgulho: Adolph Hitler, Mussolini, Osama Bin Laden, etc.
Ø  Os tipos de drogas ilícitas e seus efeitos no organismo, bem como as consequências na família e na sociedade.
Ø  As drogas legalizadas, os efeitos do álcool e do cigarro no organismo, bem como no seio familiar, profissional e social.
Ø  A corrupção como câncer social e a formação de jovens interessados em mudar a realidade política do país.
Ø  O preconceito e seus males. A intolerância ou o respeito às diferenças?
Ø  A valorização da vida e o combate à violência, através do amor e do respeito ao próximo.
Ø  Valorização da beleza interior, com o respeito às características físicas de cada um.
Ø  Trabalho em equipe. Ninguém faz nada sozinho. Como saber expor ideias, ao invés de tentar impô-las.
Ø  Trabalhos Sociais e Solidariedade. Campanhas de arrecadação de alimentos, de agasalhos, brinquedos, preservação do meio ambiente.
Estes são pequenos exemplos de infinitas matérias que poderiam ser abordadas.

O importante é darmos o primeiro passo.

Texto de Autoria de Claudinei Almeida Milsone